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Quando a arte se recusa a ser neutra: a origem da coleção Fauna Brasil


Fauna Brasil 2025 por Aline De Melo
Fauna Brasil 2025 por Aline De Melo

“A beleza que denuncia: arte funcional como resistência ao cativeiro travestido de afeto.”

Na arte, existe o belo que agrada — e o belo que incomoda.

A coleção Fauna Brasil nasceu para ser o segundo.

Não é uma coleção para decorar paredes, salões ou vitrines. É uma coleção feita para questionar como a nossa cultura, por hábito e ignorância, transformou seres livres em enfeites domesticados.

Não se trata apenas de criticar o tráfico ilegal — que por si só já é uma tragédia nacional. Trata-se de revelar o quanto o “legalizado” também normaliza um comportamento problemático: a apropriação simbólica da fauna como item de posse pessoal.

Crescemos em um país que romantiza a gaiola

Muitos brasileiros cresceram ouvindo o canto de um pássaro em cativeiro como trilha sonora da infância. Araras, maritacas, papagaios e curiós convivem em varandas como parte do “cenário afetivo”. Mas aquilo que foi tratado como carinho, hoje precisa ser lido com outra lente:

A normalização da captura, mesmo com documentos, mesmo com anilhas, é o sintoma mais polido de uma ferida profunda.

A Fauna Brasil não se posiciona com ódio, nem com apelo. Ela expõe o desconforto com beleza. Cada obra — seja mesa, luminária, poltrona, quadro ou escultura — é uma alegoria viva de um animal que não deveria estar entre nós, a não ser em liberdade.

Por que a coleção não é popular — e nem deve ser

Todas as obras da Fauna Brasil são feitas sob demanda, com materiais ecológicos, com tempo de maturação artesanal de até 90 dias, registro em blockchain e tiragem limitada.

Não são peças feitas para agradar qualquer olhar. São feitas para quem já compreendeu que não se adquire arte como se adquire mobília — e que não se consome fauna como se consome tendências.

Por isso, cada peça acompanha um livro impresso em papel semente, e cada obra tem uma página exclusiva nesse livro. Nenhuma peça será idêntica à outra. Porque assim como a biodiversidade, a autenticidade também é insubstituível.

Parte da renda vai para ações de preservação real

Este projeto nasceu com propósito. E esse propósito só se sustenta se ele transbordar para além da estética.

Parte do valor de cada encomenda será destinado a organizações que combatem o tráfico de animais silvestres no Brasil — e promovem a reintegração de espécies em seus habitats. É pouco perto do que a natureza nos dá. Mas é o início de uma reparação que precisa da arte para ecoar.

Fauna Brasil é resistência em forma de obra.

Se você chegou até aqui, provavelmente sente o mesmo desconforto. E, talvez, a mesma vontade de transformar a beleza em educação, reflexão e posicionamento.

Essa coleção não pede plateia. Ela pede guardiões conscientes.

 
 
 

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